Passava por São Conrado (Rio) e de dentro de carros ficava observando e admirando os parapentes e asas delta nos ares. Pensava: “Um dia ainda vou experimentar esta sensação de voar totalmente livre.” Sem planos e sem saber sobre voos no local, me vi na rampa do Pico Agudo (Sto Antônio do Pinhal – SP). De repente um convite: “Quer fazer um voo duplo de instrução?”. Sem pensar, eu estava com capacete e seguro por uma selete e conectado a um piloto. Veio a corrida e em instantes alcançamos os ares com o silêncio arrebatador e o vento batendo no rosto. Uma sensação incrível de liberdade e higiene mental completa durante aqueles 35 minutos que estivemos no ar. Nunca mais esqueci a experiência.

Quinze anos se passaram e em meio a pandemia de 2020 veio uma forte depressão. Em terapia, fui aconselhado a procurar coisas que me faziam bem e iniciar imediatamente uma prática constante. Lembrei imediatamente daquela sensação de 15 anos atrás que eu nunca havia esquecido. Meses depois já estava num descampado aprendendo a puxar a vela na cabeça. Passados mais alguns poucos meses eu estava no meu batismo em meu primeiro voo (prego é claro !!) solo. Sem o voo livre não sei o que teria sido de mim com a depressão. Viva o voo livre !!